Mal de Tristeza
Eu me perdi da alegria,
enquanto devia brincar de esquecer.
Via passar, sem sentido,
os cordões — que eu sabia —
e não pude fazer.
Junto ao compasso do frevo,
de gente que o passo
espaçava da dor,
meu carnaval sem confete
calava o meu canto
encantado de amor.
Ah, quem me dera esquecer
essa tristeza e você.
Ah, quem me dera apostar
que a tristeza vai passar,
que é hoje só,
amanhã não tem mais.
Eu me perdi da esperança
perdido nas tranças
de um sonho de amor.
No carnaval que fazia,
eu nem mesmo sabia
o motivo da dor.
Sem tamborim nem pandeiro,
eu fazia do baile
um lamento de mesa.
Ela passava e sorria,
e não sei se entendia
o meu mal de tristeza.
Ah, quem me dera esquecer
essa tristeza e você.
Ah, quem me dera apostar
que a tristeza vai passar,
que é hoje só,
amanhã não tem mais.
Parceria com Silvio Brito
São Paulo, 1968