Intimação
Vou colecionar minhas tristezas
nas mesas da incerteza,
em exposição inédita,
estética,
poética,
que eu faço por amor.
Vou encadernar minhas desditas
em fitas cibernéticas,
fascículos sem títulos,
capítulos, versículos,
cubículos de dor.
No frontispício das lombadas dos diversos alfarrábios
será lavrado o nome inteiro de você, que provocou
as amarguras,
vãs procuras,
desventuras,
criatura,
é a você
que me refiro em meu libelo acusatório de cobrança.
E o que eu prefiro, aspiro, firo, é que você pague a fiança,
que a confiança que a você hipotecou meu coração,
não absolve nem dissolve a tua ausente gratidão.
Por isso, volte,
não revolte,
não demore,
é preciso.
Deixa em casa teu juízo,
me consuma no teu peito,
me devore bem direito,
me engula com ganãncia.
O que eu não quero é a apatia dessa tua antipatia.
O que eu não quero é ficar preso no desprezo da distância.
(ainda sem música)
Varginha, 1971