Feito de Barro
Sou de barro feito,
braço estreito,
pé de vento,
flor de elétron — botão
Sou de barro e berro,
farra e ferro,
flor de sangue
rebentando no chão.
Vivo no meu tempo,
cara a cara,
frente à frente
entre a bomba e o amor.
Sou o não e o sim,
o meio e o fim,
blusão blue jean,
eu sou do computador,
pão e suor,
sexo e motor.
Vai,
leva o grito desta espécie, irmão.
Madrugada escorre em tua mão.
Ainda é tempo de entender
você.
Vai,
rasga o medo, a morte e a solidão.
Solta o corpo, livre, e pé no chão.
Ainda é tempo de fazer
você.
Vai.
Parceria com Jean Garfunkel
São Paulo,1973