Carruagem Cigana
Terra.
Convulsão de voltar.
Terra.
Comichão de parar.
Torre.
Atalaia encantada.
Torre.
Carruagem e espada.
Minha sede.
Range a roda,
ruge em rédea solta,
rema rumo à noite louca,
rompe a rede da manhã.
Ronca, arrebentando a pedra e o tempo,
meu cavalo em fogo e vento,
vai trançando o amanhecer,
em lua e areia;
cigana serena sereia
de ouro e de mel.
Leio em minha mão
— saga em sangue ardeu
em lenda do amor de teu corpo
dançando no meu.
Dança,
avermelhando os pés na terra,
violino em voz de fera,
fere o rosto da manhã.
Prende
em teu pandeiro a madrugada,
acende teu punhal de prata,
e faz o sol se arrepender
de amanhecer,
cigana serena sereia
de ouro e de mel.
Leio em minha mão
— saga em sangue ardeu
em lenda do amor de teu corpo
dançando no meu.
Parceria com Jean Garfunkel
São Paulo, 1974